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Este microbook é uma resenha crítica da obra: Life 3.0: Being human in the age of artificial intelligence
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 6558100266
Editora: Alfred A. Knopf
Quando surgiram as primeiras bactérias e formas de vida na Terra, o mundo começou de fato. Nessa vivência, a ordem natural das coisas é o que vai permitir uma espécie de viver e outras de perecerem. Não há software ou hardware a serem melhorados, apenas a seleção natural.
Depois de alguns milhares de anos, o homem vai surgindo. Ele pega suas pedras lascadas, exerce domínio sobre o fogo, os animais e até mesmo o ambiente, construindo casas e edifícios. Essa é a Vida 2.0, a vivência cultural da humanidade no mundo. Nela, conseguimos alterar nosso "software", que aparece como uma metáfora para nosso conhecimento. Já o hardware permanece imutável.
O que seria então a tal Vida 3.0? Você já deve imaginar a resposta. No 3.0 falamos sobre a vida tecnológica, cercada de aparelhos e tecnologias que há tantos anos pareciam mágicos. Sim, nela é possível fazer alterações no software e no hardware, de modo literal. Essa é a vida que nos aguarda com o surgimento de tantas inteligências criadas pelo homem, uma vida em que não dependemos da natureza ou das leis da física - somos nossos próprios mestres.
Mesmo com nossas lâmpadas inteligentes, assistentes virtuais e carros autônomos, de acordo com Tegmark podemos estar caminhando em direção ao 3.0, mas não chegamos lá. O auge dessa tecnologia seria a AGI, um termo que nos últimos anos vem se popularizando nas discussões do ramo. Normalmente as IAs são sistemas que conseguem fazer previsões dentro de temas específicos seguindo padrões de acordo com os dados com os quais as alimentamos. Já no caso de uma Inteligência Artificial Geral (a tal AGI), a máquina seria tão poderosa que seria capaz de se autoensinar, gerando suas próprias conclusões.
Ainda não estamos nesse estágio, e muitos acreditam que jamais chegaremos lá. Como poderíamos criar um sistema criativo e inteligente quando é tão difícil definir e entender esses termos do ponto de vista biológico?
Mais que incapazes de construir uma AGI, por impeditivos físicos como falta de recursos financeiros e materiais, não somos capazes de conceber essa imagem. Como lidaríamos com uma máquina capaz de se autoaperfeiçoar? O autor nos apresenta alguns pontos de vista bem diferentes sobre a questão.
Existem os tecno-céticos, que acreditam que estamos tão distantes de alcançar uma AGI que é perda de tempo nos preocuparmos com isso agora. Os utópicos digitais não apenas acreditam, como desejam verdadeiramente que alcancemos esse marco, como confirmação e realização de um futuro melhor. Já o movimento benéfico da IA confia que sim, existe o potencial de construirmos uma inteligência capaz de pensar ainda neste século no melhor cenário possível, com muito estudo e recursos. Além de otimistas, eles acreditam que as IAs e seus avanços não são necessariamente ruins ou bons, cabe a nós a utilizarmos da melhor maneira possível, colocando as necessidades humanas sempre em primeiro lugar.
Estamos na metade deste microbook, e, nos dias de hoje, costumamos ver o termo "urgente" se referir a diversos assuntos e discussões, entre eles, o debate a respeito das mudanças climáticas. De fato, estamos à beira de uma crise com o clima do planeta, mas, de acordo com especialistas, a crise da IA pode nos atingir ainda antes. É possível que o auge do aquecimento global ocorra no intervalo de tempo daqui há 50 ou 200 anos. Apesar de não termos uma data precisa e esses estudiosos discordarem entre si sobre o ápice da era da IA, há uma concordância: vai ser antes.
Não estamos tentando colocar um assunto como mais importante do que o outro, na verdade, o foco na discussão de tecnologias artificiais pode, inclusive, beneficiar o debate climático com novas IAs capazes de diminuir ou até mesmo reverter o nosso quadro crítico atual. Além desta conversa, vários outros questionamentos vêm se mostrando cada vez mais inadiáveis. O que significará ser um humano em um mundo de IAs? Seremos preteridos?
Em nosso dia a dia já lidamos com máquinas inteligentes. Entretanto, elas são de uma inteligência mais "estreita". Essas IAs são alimentadas com dados e algoritmos e "aprendem" com situações que podem ser previstas por meio desses dados. Elas não aprendem de fato, mas replicam as informações dadas procurando padrões invisíveis aos olhos humanos. A habilidade de aprender ainda é humana.
Apesar do medo justificado que acompanha as discussões a respeito do futuro do planeta e da IA, as possibilidades de utilização ampliam nosso próprio futuro. A indústria farmacêutica e a área da saúde são o melhor exemplo para isso. Imagine ter o poder de digitalizar milhares de diagnósticos e com algoritmos avançados dizer em um piscar de olhos o que há de errado com você. Quanto tempo e energia poderiam ser poupados e investidos na cura? Esse não é o único campo que poderia se beneficiar de uma AGI. Economizaríamos recursos na comunicação, geração de energia e até mesmo nos processos judiciários caso estivéssemos dispostos a possuir um juiz-AGI.
Para garantir um futuro feliz com a IA, Tegmark nos confirma a importância de que as necessidades e desejos humanos se mantenham centrais. Por isso, deve-se discutir desde já nossas prioridades e desejos, a fim de, quando máquinas e inteligências melhores forem construídas, já as coloquemos no caminho certo.
Mesmo procurando se planejar e fazer previsões, é impossível prever o futuro. O autor nos apresenta algumas possibilidades, como a utopia libertária na qual homens e ciborgues viveriam em paz e harmonia, uma ditadura "harmoniosa" em que humanos seriam mantidos como diversão em uma espécie de zoológico para máquinas, uma espécie de IA-Deus, onisciente, que busca o melhor para a raça humana. É, de fato, impossível conter a imaginação sobre o que nos aguarda.
O que poderia apaziguar nossos medos, de acordo com Tegmark, seria definir objetivos. Tudo na vida, até mesmo as leis da física, possuem metas claras. Quando a humanidade definir as suas e as apontar para a fabricação das IAs, teremos um pouco mais de paz.
Há milhares de anos a humanidade é a espécie central do planeta Terra. Exploramos os recursos naturais a nosso bel prazer, interferimos nas outras espécies e formações geológicas, criamos e destruímos culturas. Era de se esperar que o mero pensamento de surgir um outro tipo de ser com inteligência equiparável à nossa poderia causar tanto pânico. O que será de nós?
No entanto, é importante manter a calma. Apesar de o futuro estar próximo, ele ainda não está entre nós. Podemos nos organizar, discutir racionalmente os próximos passos e não apenas manter o nosso controle sob o planeta Terra. Será possível atingirmos um sucesso nunca antes visto.
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Físico e cosmólogo, Tegmark é um conhecido professor no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) graças às suas contribuições no campo da cosmologia, e inteligência artificial (IA... (Leia mais)
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